Primeiro você começa, depois você desespera muito, depois você melhora
Um papo real sobre você precisar parar de sabotar a beleza do processo
Se você passou os últimos dias na internet, com certeza cruzou com a trend “Primeiro você começa, depois você melhora”. Aquela enxurrada de stories mostrando antes e depois, talentos sendo lapidados, projetos que começaram de um jeito e foram se transformando. Inspirador? Sim. Mas também incompleto, justamente por ser um conteúdo ultra rápido, tende a mascarar algumas coisas...
Porém… Quase ninguém fala do meio do caminho. Cabe a mim esse papel.
E sabe o que tem no meio?
✨ O desespero.
✨ A dúvida se você tem talento ou se era melhor fazer outra coisa.
✨ O desejo de jogar tudo pro alto e fingir que nunca tentou.
✨ A comparação com quem parece já ter nascido pronto.
✨ O questionamento: “por que diabos eu comecei isso?”
Agora, sabe o que não tem no meio do caminho?
🚫 Uma linha reta.
🚫 Uma fórmula mágica.
🚫 Um botão de "avançar" para pular a parte difícil.
E é exatamente por isso que o processo é tão temido e sabotado. A verdade é que há muito mais do que um clique entre começar e melhorar e isso a internet não mostra (mas eu conto aqui).
O meio do caminho: onde a mágica e o caos acontecem
Essa trend passa uma sensação perigosa: de que o tempo entre "começar" e "melhorar" é curto, simples e direto. Mas a realidade? É nesse intervalo que as maiores transformações acontecem.
Só que aí vem a ansiedade e sabota tudo. A gente quer ver resultado rápido, quer pular as partes difíceis, quer saber se vai valer a pena antes mesmo de pagar o preço do processo.
E quando a pressa encontra a comparação, o estrago é maior ainda. Você olha para o lado e vê gente que começou depois de você brilhando, enquanto você ainda sente que tá patinando. Aí, ao invés de continuar, a vontade é de desistir. 🫠🫠🫠
Mas deixa eu te contar uma verdade inconveniente: tudo que hoje parece incrível começou meio tosco (toma aqui 🤲: paz no coração, senhora).
A diferença entre quem chega lá e quem desiste é simplesmente quem continua andando mesmo quando o caminho parece ruim. Isso nos leva diretamente ao próximo tópico…
A armadilha de querer pular etapas
O problema não está em querer melhorar, mas na pressa de chegar lá sem passar pelo necessário. E quem entra nessa cilada normalmente está refém de duas coisas: ansiedade e comparação.
A ansiedade faz você querer ver resultados antes do tempo. E, quando eles não vêm rápido, a primeira conclusão é: "isso não é pra mim". Mas será que não é ou será que você só não deu tempo suficiente?
A comparação faz parecer que só você está patinando. Que todo mundo que começou algo já está brilhando, enquanto você luta para não se afogar no caos. Mas a verdade é que o processo de todo mundo é feio no início—só que ninguém mostra, ninguém posta, ninguém diz.
[insert de jabá próprio]
Falando em comparação: o episódio dessa semana do podcast é exatamente sobre ela! Toma senhora🤲, tá na mão! Depois de ler aqui ouve lá!
Voltando aqui ao assunto para um reality check: quantas vezes você viu alguém postando um story dizendo "Gente, tá horrível, eu não faço ideia do que tô fazendo"?
Exatamente. O silêncio já responde tudo. Next…
O que você pode fazer para tornar o processo menos sofrido?
Se eu posso começar por um lugar, esse lugar será: não faça um drama mexicano. Seja prática, pelamordedeus. Justamente por isso vamos de lista prática, porque a vida já é complexa demais:
🔹 1. Normalize a bagunça
Não tente fazer o caminho ser linear. Ele não é. Vai ter fase de dúvida, crise e refação. E isso não significa que você está errando—significa que você está fazendo.
🔹 2. O erro é o professor mais valioso
Se você quer aprender algo novo sem errar, talvez seja melhor desistir. O erro não é um problema, ele é o método de aprendizado. Tudo bem errar, voltar, fazer de novo até acertar. O erro também é a garantia de experiência. É o clichêzasso: “se você não tivesse errado o caminho, jamais teria visto essa paisagem”.
🔹 3. Se compare com seu “eu” de ontem
A melhor régua de progresso é você mesma. Olhe para trás e veja o quanto você já evoluiu, em vez de olhar para o lado e achar que os outros estão muito evoluídos, não estão… Só estão vivendo os próprios processos individuais.
🔹 4. Não pare no meio do processo
O desespero vai bater. A dúvida vai gritar. Vai querer contar com a ajuda de café e rivotril. Vai dar vontade de dar um grito aqui e outro acolá… Não vou mentir, acontece mesmo. Mas você só melhora se continuar. Pausar é normal. Desistir não pode (e nem deve) ser uma opção.
🔹 5. Tenha paciência com a sua própria evolução
O ritmo do processo é diferente para cada um. Se o seu parece mais lento, isso não significa que ele é pior. Então senhora, paciência, respira fundo, conta até 10 que a curva do processo exige carisma e paciência de nós.
Primeiro você começa, depois você continua
Se tem uma certeza nessa vida é que você não vai melhorar antes de começar. O primeiro passo pode talvez ser o mais difícil, e sobre os erros que podem acontecer durante o processo convoco Clarisse Lispector em sua célebre frase para te dar o glow up (também entendido como dois tapas na cara e um solavanco): “Perder-se também é caminho”. E se o seu medo é "não ser bom o suficiente ainda", a resposta é simples: ninguém é bom no início.
O erro não está em começar pequeno, está em nunca começar.
Se você gostou do “Senhora?”, você pode:
Acompanhar o meu perfil no Instagram, assim como o perfil oficial do Senhora, o @senhora.cc! Pra quem é gen z: também estou no TikTok postando menos do que eu gostaria pois ainda estou na curva de aprendizado do que funciona por lá!
Vale também recomendar a newsletter pra alguém ou compartilhar uma das edições nas suas redes sociais. Bora? 😎
Com carinho,
Ana Ximenes